DOLCE FAR
NIENTE
Ahhhhh...
Como era bom aquele tempo em que nos alegrávamos quando, por um tempo, não
tínhamos nada para fazer. Tínhamos nosso emprego fora de casa e, nos fins
de semana – as mulheres, geralmente – precisávamos fazer a faxina pesada.
Quando
terminávamos tudo e nos restava um pouco de ócio recorríamos ao velho exercício
italiano “il dolce far niente “ (o doce fazer nada ). Era uma
delícia e nos preparava física e emocionalmente para o retorno à rotina de
duplo trabalho.
Agora,
quando as frentes de trabalho estão fechadas para quem ainda trabalha e as
tarefas domésticas se esgotam, pois a limpeza e organização de armários,
estantes e similares já foram feitas nesta primeira semana de confinamento;
quando passeios e visitas (tanto feitas quanto recebidas) estão fora de
cogitação; e nossa liberdade constitucional de ir e vir está inviabilizada
“sine die” esse nada a fazer se torna cansativo.
Na
verdade, esta situação de insatisfação está sendo disseminada entre as famílias
com muitas pessoas que necessitam, forçosamente, conviver 24 horas
irremediavelmente. A não ser que haja uma prévia e objetiva coordenação, até o
uso do banheiro poderá causar atritos.
Talvez
a exaustão por manter uma família unida e feliz em tempos de “corona vírus”
leve aos que temem ficar sós na velhice, uma outra ideia do que é “solidão”.
Imaginem esta praga que enfrentamos no tempo das grandes famílias, com filhos
(legítimos e “sobrinhos” espúrios), agregados e serviçais, sem quaisquer
informações sobre o assunto. Extermínio total...
Nesta
minha concepção, o fato de viver sozinho (meu caso) traz certo conforto, pois
não nos sentimos sós ou abandonados, uma vez que nos habituamos a este estado.
Lógico que as facilidades que a Internet nos proporciona são valiosas aliadas e
impedem uma total solidão e nos permitem acompanhar os fatos e nos protegermos
mais, já que é mais difícil o contágio por aproximação.
Viver
só não significa estar solitário. Basta usar um “dolce far niente” como venho
fazendo: ler e escrever bastante.
Texto de Ivonita Di
Concílio
Ando tão ocupada, sempre inventando, não sinto solidão.
ResponderExcluirTenho trabalhado tanto, que mal dá tempo de pensar em tristeza.