Oswaldo, o nosso ex - alifloriano com sua companheira Flavinha também ex-alifloriana . Ele de aniversário em agosto completando seus 93 aninhos. Querido casal que nos prestigiou por muitos anos na Aliflor com presença, simpatia, trabalho, dedicação e fazer literário. Felizes por vê-los tão bem. Saúde! Tim-tim, queridos!
terça-feira, 31 de agosto de 2021
Oswaldo Gavina
Oswaldo, o nosso ex - alifloriano com sua companheira Flavinha também ex-alifloriana . Ele de aniversário em agosto completando seus 93 aninhos. Querido casal que nos prestigiou por muitos anos na Aliflor com presença, simpatia, trabalho, dedicação e fazer literário. Felizes por vê-los tão bem. Saúde! Tim-tim, queridos!
ARQUIVO de Janice de Bittencourt Pavan
ARQUIVO
Como tens coragem de banquetear
teu suborno
enquanto o povo
-esse pobre Lázaro-
espera as migalhas
que caem de tua boca
já encardida pela demagogia?
Como te atreves a saborear
manjar celeste como sobremesa
se na mesa do teu serviçal
o cotidiano transborda
puro fel
na taça sofrida
da desesperança?
Cadê a criança que havia em ti?
Em qual gaveta arquivaste juventude?
Por que não desenruga tu'alma
com atitudes dignas
e lubrifica teu coração maduro
antes que ele envelheça?...
Poema de Janice de Bittencourt Pavan
Do livro Bicho- Homem.
EMOÇÃO HISTÓRICA de Ana Esther Balbão Pithon
Naquela tarde de fevereiro de 2020, saí de casa entusiasmada e inspirada pela bravura da Anita Garibaldi. Uma heroína catarinense, brasileira, filha do século XIX, ainda servindo de musa para tantos de nós em pleno século XXI. E lá ia eu para uma cerimônia em sua homenagem no Museu do Palácio Cruz e Sousa em Florianópolis.
A perspectiva de conhecer pessoalmente a bisneta de uma personagem histórica tão única em sua destemida visão de liberdade e do seu sentimento de pátria me movia e me tocava o coração. Porém, o que me impulsionou a participar do evento fora a forma da homenagem: o plantio de um pé de Uma Rosa por Anita! Sim, uma roseira nomeada de propósito com a intenção de perpetuar a significância da heroína visionária.
Quanta expectativa nos minutos que antecederam a fala da bisneta vinda da Itália para celebrar sua famosa bisavó! Tantas pessoas encantadas com o valor do momento que vivíamos somavam-se à imprensa presente para os registros formais, a Vice-Governadora do Estado de Santa Catarina e eu ali, também!
Após os discursos de mulheres poderosas, lá nos tocamos todos para os jardins do Palácio. O meu coração bateu acelerado ao identificar o pé da formosa roseira Uma Rosa por Anita, próximo à cova pronta para recebê-lo. Alegres palmas dos participantes como trilha sonora vibrante da presença simbólica da Anita Garibaldi entre nós naquele instante _ o tempo não é linear segundo a física quântica, e a heroína juntou-se a nós pelo Princípio da Intencionalidade!
Finalmente, a roseira que voara de avião da Itália até o Brasil, fincava suas raízes em solo catarinense. Uma Rosa por Anita na terra natal da heroína defensora da pátria, de Gaia, do amor à terra. E eu saí de lá com a emoção à flor da minha pele, da minha vida, da minha própria História...
ANITA GARIBALDI de Raquel Conti
ANITA
GARIBALDI
A inda criança... Jovem
N ão sabia, mas sentia...
I nda que não falasse
T ambém queria. O quê?
A té que a resposta viesse.
G anhou. Ou ela que deu?
A gora nada importava,
R ompeu barreiras e se foi...
I gnorando afetos e convenções
B ateu asas, libertou-se...
A ndou, Trilhou e Amou,
L ado a lado com seu Homem
D ando vazão às Paixões
I nda hoje é lembrada a guerreira.
Poema de Raquel Conti
MULHERES GUERREIRAS de Janice de Bittencourt Pavan
MULHERES GUERREIRAS
A
quantas mulheres devo curvar-me em homenagem!...
A JOANA
D’ARC acusada de bruxaria e heresia
Porque
lutou pela França e foi queimada na praça...
A ANNA
NERY baiana, pioneira na Enfermagem
Que
prestou serviços voluntários nos hospitais, noite e dia,
Cuidando
dos feridos na Guerra do Paraguai...
A IRMÃ
DULCE, também baiana, tornou-se santa
Assim
como a indiana MADRE TERESA DE CALCUTÁ
Pelos
constantes serviços assistenciais...
Mas,
há tantas mulheres guerreiras sem fama;
Mulheres
na luta pros sustentos dos seus...
Tantas
heroínas que fizeram história,
Que
são invisíveis, operárias ou damas,
Na
cor e na raça, na terra e nos céus,
Mas
são vencedoras e têm sua glória.
Assim
como ANITA catarinense guerreira
Que
o Brasil defendeu e pela Itália lutou
Por
amor a Giuseppe e à sua saga altaneira
A HEROÍNA
DE DOIS MUNDOS então se tornou.
Poema
de Janice de Bittencourt Pavan
Homenagem
a ANITA GARIBALDI
Fpolis
- Agosto de 2021
LETRAS & POESIAS de Maria de Lourdes Andrade.
LETRAS & POESIAS.
Aprendi olhando as letras
que nenhuma palavra se perde.
Ela fica no espaço
No tempo
No infinito
E ai de nós poetas
ao nos confrontarnos com o que escrevemos.
É palavra dita.
Para paz
ou para guerra.
E as "meias palavras"
o que dizer? Inevitavelmente
elas são inteiras quando pensadas.
E as palavras mesmo soltas, juntadas, adaptadas e escondidas.
Aguardam no rascunho
serem expressas.
Me arrisco a dizer
Que nenhuma palavra se cria,
Ela se transforma no tempo, vindo desde um eco de uma caverna primitiva.
O que faz o poeta então?
Ele busca trechos, sussurros, risos, choros, luz, sombra e projeta no
papel o que milhares já pensaram , pintaram, interpretaram, mas é somente com a sua sensibilidade
que a palavra ganha vida no grito de sua alma criativa.
Autoria: Maria de Lourdes Andrade.
Agosto/2021.
A RUA de Raquel Conti
A RUA
Você não lembra sempre
Uma rua,especial em sua mente?
Guardando lembranças, agimos como crianças.
Cá, Você namorou aquele "gato
Lá, lhe detalhe uma boa nova,
Quem sabe,a sua PAZ
Foi perdida em dura prova
Numa ruazinha lá de traz?
Sempre retemos...
Recordando com
Carinho
Uma rua,que lembramos,
Foi especial ,aquela em que seu amorzinho
Lhe dedicou seu carinho eterno.
Quiçá possamos
Sem temor,olvidar
Qualquer rua que possa nos magoar.
É sem fingir,poder voltar!!
Raquel Conti escreveu em 31/10/ 1974.
MEU LAR, MEU CHÃO. de Maria de Lourdes Andrade
MEU LAR, MEU CHÃO.
Uma casa, uma porta e uma janela só.
Nos fundos uma montanha.
Nas laterais, palmeiras Juçara, atraindo pássaros, a procura de
suas sementes.
A frente desce um fio d'agua e forma uma pequena lagoa onde alguns
marrecos se refestelam.
Faltou algo nesta singela paisagem!
Claro... Não podia faltar.
O sol.
Momentaneamente envolto por neblina. Assim que a neblina dispersa surge
ele imponente iluminando :
A casa branquinha
A montanha
As palmeiras
O lago.
Tudo previsto nos desenhos recorrentes de uma
Criança.
Quanto ao cartaz fixado no quadro negro, onde a professora pedia
que se descrevesse a ilustração de:
Uma casa de dois pisos,
Três janelas e
Um carro na garagem, aquela criança pouco sabia, nada entendia, nada sentia.
Autoria: Maria de Lourdes Andrade.
22/08/2021
UM BRINDE AO AMOR de Rosaura Saraiva
UM BRINDE AO AMOR
Um brinde ao amor em todas as suas formas e formatos
Em todas as suas cores e valores
Em tudo que traduz incondicionalmente em luz
Um brinde ao amor de mãe com toda sua pureza
De filho com sua leveza
Ao amor fraterno pela sua presteza
E, ao romântico pela sua incerteza.
Um brinde ao amor...
Sem preconceito
Sem rótulo ou falso padrao
Ao amor baseado em um só conceito :
O ditado pelo coração.
CiganaRo
08. 06.21
LEDA FIALHO por Valmir Vilmar de Sousa
LEDA FIALHO
Camaleão nas artes, és tu
Leda Mônica Fialho
Hora te transforma em
Uma linda cigana,
Sevilhana, gitana
A rodopiar o chão
Em procura do teu gitano
N’outra, te fazes
Uma cangaceira forrozeira
Tal qual Maria Bonita
A preferida de Lampião
N’outra, te transformas
Numa sambista de quadra
Onde o rebolado e o gingado
Determina o tom musical
Me provocas momentos nostálgicos,
Das terras de Além-mar
Com o Carimbó português
Com o teu Bate o Pé, viajei
Pelo Minho, por Lisboa
Por Sintra e Coimbra
Viajei por Sevilha com a cigana
Me enveredei pelo sertão
Desnudando a saga de Lampião
Exalas simpatia, empatia
Com tua dança, tua poesia
Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 090721
" FIAT LUX " de Suraya H. Maia
"FIAT LUX "
Na minha festa junina
quando eu era bem menina,
o que lembro me alucina:
as fogosas "estrelinhas",
luzes nas pontas das linhas
brilhando feito rainhas!
Suaves, silenciosas,
as mil pontinhas brilhosas
eram fadas luminosas.
Imponentes e faceiras,
querendo ofuscar inteiras
as fagulhas das fogueiras.
Com as estrelas na mão,
nem ligava pro quentão
nas noites de São João!
Na memória dos folguedos,
em Junho, eram brinquedos
- o céu na ponta dos dedos.
Suraya Helayel Maia.
16 /Junho de 2020.
*A DESAFIADORA, ARTE DE VER* - de Rubem Alves
*A DESAFIADORA, ARTE DE VER*
O que vemos e o que deixamos de ver.
Ela entrou,
deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”.
Fiquei em silêncio aguardando que ela me contasse os sinais da sua loucura.
E Ela foi contando
: “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os
tomates, os pimentões – é uma alegria!
Alguns dias atras,
eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar
cebolas. Ato banal sem surpresas.
Mas, cortada a
cebola, eu tive um susto.
Percebi que nunca
havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se
refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de
catedral gótica.
De repente, a
cebola se transformou em obra de arte para ser vista!
O mesmo aconteceu
quando cortei os tomates, os pimentões…
Agora, tudo o que
vejo me causa espanto.”
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico.
Eu me levantei, fui
à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo
Neruda.
Procurei a “Ode à
Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os
poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou
assombro:
- ‘Rosa de água com escamas de cristal’.
Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.
Ver é muito
complicado.
Isso é estranho
porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil
compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina
fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de
dentro.
Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia
disso e afirmou:
- “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”.
Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.
Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado
disse:
- "Deus, de vez em quando, me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.
Não ser cego não basta para ver as árvores e as flores.
"Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa.
O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver.
O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”.
Não sei se Cummings
se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu:
- “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.
Há um poema no Novo
Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus
ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao
partir do pão, “seus olhos se abriram”.
Vinicius de Moraes
adota o mesmo mote em “Operário em Construção”:
- “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados.
Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação.
O ver se subordina
ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.
Os olhos não gozam…
Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos.
Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças.
Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.
Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: - - "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.
Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana.
Como o Jesus menino do poema de Caeiro.
Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…
Rubem Alves