Coração Dói
Desenhado de toda forma…
no chão de terra, nas calçadas
traços leves, delicados,
na areia da praia, nas árvores…
contendo nomes dos enamorados
Sempre com visão
romanceada
simboliza o maior dos sentimentos
deveria guardar só contentamento
mas, se pudesse mostrar me por dentro
Ah… dilacerado… estraçalhado, neste momento
músculo encravado no meu peito…
devia ser meu cúmplice, mas é suspeito
melhor dizendo: único culpado por meu estar assim…
ensandecida… largada… consumida… sem jeito!
Antes tão impetuosa e atrevida,
agora, apática, enfraquecida, sem gosto pela vida
dominada por uma angústia que sufoca
se o mundo acaba ou a sua volta desaba, não importa
o que lhe
consome, tem um nome: Amor
um amor tão exacerbado, tão mal amado
que ele, o órgão vital, não percebeu o sinal… entregou
se pleno, total…
Como poderia sabê-lo… sem ter se entregado por inteiro?…
que tudo seria um pesadelo… e que não era de papel,
nem era o modelo bonitinho desenhado com dois traços e penetrado pela seta do cupido?
Era para ser amado e amante… está agonizante… fardo pesado,
Cada vez que ele pulsa espalha pelo corpo inteiro esse descontrole..… essa dor…
é dilacerante a batida que o infla ensaguentado…
despedaçado… me sufocando… meu coração dói… corroído de Amor!
Dói tanto… e é tanto sangue derramando,
que receio, se esvaia… e se perca de vez… diluído em meio ao meu pranto!
(coração dói… o perco aos poucos… soluçando… chorando!)
Suely Ravache Costa - Cigana Poetisa
17.06.2020