"Em
vão...em mim"...
Meu pai! Estás morto...
Imóveis
as tuas mãos vibrantes,
estendidos e fracos os teus braços gigantes!
Em tuas
veias não corre lustroso
o teu
sangue quente árabe,
que
inútil corre em mim...
Cegos e
vazios teus olhos
com sua
magnífica visão
desse
mundo que previas.
Teus
olhos que eram iguais aos meus,
estão
ainda em mim
- quando
me olho os vejo -
espelho
onde te entrevejo...
E me
deixastes aqui, partícula de ti,
que ainda
vive, pra sobreviveres.
E em vão,
como te imortalizo!
E em vão,
como te memorizo!
Tento te
ressuscitar feito um Jesus
no
terceiro dia! E esse dia não chega,
grito
CHEGA!
Chegar de
todas as maneiras.
Esbravejo
por dentro contra um Deus inalcançável...
Oh Deus
implacável!
Morto, e
ainda assim caminhas pelos meus pés,
que pisam
incansáveis sobre a terra
pra te
perpetuar...
Fostes o
arco que me lançou
(como
disse Gibran Khalil),
um arco
que se esticou demais,
pra que
meu voo fosse longo e alto -
se ergueu
além de qualquer planalto!
Até
arrebentar!
Mas se a flecha
voa tonta e cai
quem vai
me lançar de novo?
Morto!
Estático! Marmóreo! No fim...
Mas como
estás vivo! vivo! vivo!
em
vão...em mim...
Suraya
Helayel Maia - Poema em homenagem a seu pai Munir Abdallah Helayel
28/02/1974
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