quinta-feira, 16 de abril de 2015

Reunião do mês de abril da ALIFLOR


Em 14 de abril de 2015, segunda segunda- feira do mês, às 14h, reuniram-se novamente  os aliflorianos no auditório do Arquivo Publico Municipal.
Registramos as presenças dos colegas Vilmar Machado – Presidente: Jelena Stopanovski Ribeiro - 1ª. Secretária; Lorena Chiaradia - 1ª Tesoureira; Janice de Bittencourt Pavan - Diretora Social  e blogueira deste; Nereu do Vale Pereira - Conselheiro Fiscal; Ivonita di Concilio e Teresa Brasil -  Associadas.
Após as boas vindas, Vilmar fez a apresentação do convidado especial Sr Rafael Camorlinga Alcaraz, doutor em literatura com graduação em filosofia, professor aposentado da UFSC, para fazer  uma reflexão sobre Teopoética,  literatura  e  teologia.
Iniciou sua palestra contando a história de um casal que procurando onde se abrigar da noite,andaram muito até que encontraram uma tapera.Nela entrando e sem ter com que se aquecerem, ficaram felizes pois viram no local uma pequena fogueira com duas brasinhas quase apagadas. Ficaram em frente dela abraçados. No dia seguinte , querendo conservar o calor daquela fogueira resolveram remexer nos gravetos. Qual não foi a surpresa, dela pulou um gato com olhos que pareciam duas brasas.-  Moral da história? (Cada um tem sua interpretação).
Colheu-se uma bela mensagem ,  embora com interpretações diferentes. Questionou-se a respeito, sobre  o olhar de cada ouvinte, sobre o calor humano, a crença, a fé e o querer acreditar naquilo que é importante no momento.
O professor Rafael continuou a palestra citando a frase “ todo homem culto é teólogo”, de Jorge  Luis  Borges. Lembrou a importância do discernimento entre o saber dentro da Literatura e o saber dentro da Teologia. A preocupação com o estilo e abordagem dos fatos dentro da vertente religiosa ou simplesmente literária . O olhar religioso e olhar literário sobre tudo que se escreve; que na Religião ou em outros assuntos o homem,  escritor por natureza, não consegue separar a ficção da realidade, o mito, a lenda, a história. Citou algumas vertentes, alguns escritores e alguns livros.Entre eles José Saramago: O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO; o francês ,Jean Delimeau: O QUE SOBROU DO PARAÍSO, e o poeta catarinense  Leminski,com o livro VIDA, que traz quatro biografias de personagens importantes, entre eles, JESUS CRISTO.
Ao finalizar, os aliflorianos ali presentes conversaram entre si sobre seus respectivos pontos de vista, focando mais a religião.
Um momento muito especial após as manifestações dos presentes , Heralda nos brindou com uma bela declamação, expressões de ternura  através do poema “ O Seu Olhar”, de sua autoria.
O professor Nereu retirou-se antes, por isso não está na foto. Que pena, professor Nereu ! Na próxima reunião será o nosso palestrante . Não esqueça ! Vamos marcar presença e prestigiar  Nereu do Vale Pereira.
Sob aplausos e agradecimentos   Vilmar deu por encerrada a Reunião. E , nós, aliflorianos, sentimo-nos muito honrados com a presença e graciosidade do Professor Rafael que com muita modesta nos enriqueceu com sua experiência literária e saber religioso.

Texto de Janice de Bittencourt Pavan .Em 15/04/15


O teu olhar

Um dia recebi o teu olhar
Um olhar todo especial!
Um olhar de solidária compaixão,
Um olhar que alcançou meu coração
Um olhar dizendo tudo sem falar...

Neste dia recebi o teu olhar...
Um olhar triste, que entendeu minha tristeza.
Um olhar forte que amparou minha fraqueza.
Um olhar que envolveu, aconchegou, protegeu...

Naquele dia recebi o teu olhar...
Um olhar que me olhava diferente.
Um olhar que me tocou profundamente
Um olhar dizendo tudo sem falar...

Desde aquele dia toda vez que ajoelho
Aos pés da cruz para rezar diante de um altar
Encontro no teu rosto meu Jesus
O mesmo Meigo e piedoso olhar...

Poema de Heralda Victor. 

O  palestrante  que  abordou  o  campo   do  encontro literário com a sacro-teologia na literatura, assim como, a literatura na teologia,  dizendo que as  duas   podem  colaborar  em  pé  de  igualdade,  embora  com  incumbências  e  objetivos específicos.  Ele  afirma  “ainda  que  a  preocupação  mor  da  teologia  seja  com  o  verum (verdadeiro), mas que ela não pode abrir mão do pulchrum (belo) sob pena de tornar-se feia.”
Geralmente, os estudos Téo-literários lidam com a crença e seu reverso: a descrença. A face teológica do Deus ocidental, tem como base a bíblia, monastério e tradição. Durante o longo período medieval predominou a religião, sendo que a própria filosofia não era mais que serva daquela,  já  que na antiguidade inexistia a preocupação por separar  mythos e logos (mito-discurso racional). A mitologia explicava tudo, apelando para Deus ou para deuses. Porém as narrações tiveram que assumir formas, por vezes, literárias. Basta ver os textos bíblicos, do Gênese ao Apocalipse, passando pelos Evangelhos que compendiam os ditos e feitos de Jesus Cristo. Aí tem-se o segundo enfoque: a face literária de Deus. A literature se nutre de mitos.Sobre cânones literários é a regra, a lei, os parâmetros. Os clássicos são mais tolerantes do que os cânones religiosos. Em suma, entre os escritores, há crentes  e descrentes de todo tipo; o que eles têm em comum, entre si  e com os leitores,  é a fé poética que os torna “crentes literários” que libera a criatividade sem os ditames da teologia, do historicismo e de qualquer divindade  que  se  anteponha  àquilo  que  existe  de  mais  criativo  no  eu.  Jorge  Luis  Borges,detonou os limites entre teologia e literatura ao afirmar:”Todo homem culto é teólogo, e para isso não é necessária a fé.” Dr. Rafael ainda diferenciou o tido como deísta do teísta. O deísta independe da religião em si e acredita em uma divindade não interferente. Para ele Deus é o criador do mundo mas não intervém nos afazeres do mesmo. O teísta, do grego Théos – é uma crença na existência de deuses, seja um ou mais. O teísmo não é religião, é apenas o nome para classificar  a opinião segundo a qual  existe ou existem deuses.  Percebeu-se durante  a reunião que alguns participantes afastaram-se  do foco literário e passaram a revelar se eram crentes ou ateus, assunto que não vinha ao caso. Não se estava discutindo a própria fé, nem a própria religiosidade, mas o antagonismo entre teologia e literatura. Professor Rafael, ainda falou  do  livro  editado  em  Brasília  por  ex-padres  católicos,  cujo  título  é  “Jesus  –  Parto Milagroso”, questionando a paternidade divina, visto que o Deus de Abraão não pode ser pai de Jesus.Texto de Jelena S. Ribeiro.




Um agradecimento especial ao professor Rafael Alcaraz pela disponibilidade em nos agraciar com sua presença proporcionando a todos uma agradável tarde de estudos. Com conhecimento de causa, o professor conduziu um primeiro momento mantendo a atenção do grupo com ricas informações. Ilustrando sua explanação pedagogicamente, proporcionou um momento de reflexão e interiorização. Posteriormente questionamentos foram levantados e perguntas foram respondidas com ativa participação, nas colocações pertinentes ao assunto explanado. Oportunidades deste calibre são interessantes para crescimento intelectual e aproximação dos participantes, que ao posicionarem-se voluntariamente, revelam-se através das ideias que defendem. Texto de Heralda Victor 





15 de abril de 2015: A ASSOCIAÇÃO LITERÁRIA FLORIANOPOLITANA está de aniversário.
14 anos desde a fundação. Parabéns!. Que a amizade, o companheirismo, a inspiração e o crescer literário sejam uma constante em todos nós,  Aliflorianos,  para que nossa ALIFLOR tenha o cultivo que merece.

   

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