Em 14 de abril de 2015, segunda segunda- feira do mês, às 14h, reuniram-se
novamente os aliflorianos no auditório do
Arquivo Publico Municipal.
Registramos as presenças dos colegas Vilmar Machado –
Presidente: Jelena Stopanovski Ribeiro - 1ª. Secretária; Lorena Chiaradia - 1ª Tesoureira;
Janice de Bittencourt Pavan - Diretora Social
e blogueira deste; Nereu do Vale Pereira - Conselheiro Fiscal; Ivonita
di Concilio e Teresa Brasil -
Associadas.
Após
as boas vindas, Vilmar fez a apresentação do convidado especial Sr Rafael
Camorlinga Alcaraz, doutor em literatura com graduação em filosofia, professor
aposentado da UFSC, para fazer uma
reflexão sobre Teopoética,
literatura e teologia.
Iniciou sua palestra
contando a história
de um casal que procurando onde se abrigar da noite,andaram muito até que encontraram
uma tapera.Nela entrando e sem ter com que se aquecerem, ficaram felizes pois viram
no local uma pequena fogueira com duas brasinhas quase apagadas. Ficaram em frente
dela abraçados.
No dia seguinte , querendo conservar o calor daquela fogueira resolveram
remexer nos gravetos. Qual não foi a surpresa, dela pulou um gato com olhos que
pareciam duas brasas.- Moral da história? (Cada
um tem sua interpretação).
Colheu-se uma bela mensagem , embora com interpretações diferentes. Questionou-se
a respeito, sobre o olhar de cada
ouvinte, sobre o calor humano, a crença, a fé e o querer acreditar naquilo que é importante no momento.
O professor Rafael continuou a palestra citando a frase “
todo homem culto é
teólogo”, de
Jorge Luis Borges. Lembrou a importância do
discernimento entre o saber dentro da Literatura e o saber dentro da Teologia.
A preocupação com o estilo e abordagem dos fatos dentro da vertente religiosa
ou simplesmente literária
. O olhar religioso e olhar literário sobre tudo que se escreve; que na Religião ou em
outros assuntos o homem, escritor por
natureza, não consegue separar a ficção da realidade, o mito, a lenda, a história.
Citou algumas vertentes, alguns escritores e alguns livros.Entre eles José
Saramago: O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO; o francês ,Jean Delimeau: O QUE SOBROU DO
PARAÍSO, e o poeta catarinense
Leminski,com o livro VIDA, que traz quatro biografias de personagens
importantes, entre eles, JESUS CRISTO.
Ao finalizar, os aliflorianos ali presentes conversaram
entre si sobre seus respectivos pontos de vista, focando mais a religião.
Um momento muito especial após as manifestações dos presentes , Heralda
nos brindou com uma bela declamação, expressões de ternura através do poema “ O Seu Olhar”, de sua
autoria.
O professor Nereu retirou-se antes, por isso não está na foto.
Que pena, professor Nereu ! Na próxima reunião será o nosso palestrante . Não esqueça ! Vamos
marcar presença e prestigiar Nereu do
Vale Pereira.
Sob aplausos e agradecimentos Vilmar deu por encerrada a Reunião. E , nós,
aliflorianos, sentimo-nos muito honrados com a presença e graciosidade do Professor
Rafael que com muita modesta nos enriqueceu com sua experiência
literária
e saber religioso.
Texto de Janice de Bittencourt Pavan .Em 15/04/15
O teu olhar
Um
dia recebi o teu olhar
Um
olhar todo especial!
Um
olhar de solidária compaixão,
Um
olhar que alcançou meu coração
Um
olhar dizendo tudo sem falar...
Neste
dia recebi o teu olhar...
Um
olhar triste, que entendeu minha tristeza.
Um
olhar forte que amparou minha fraqueza.
Um
olhar que envolveu, aconchegou, protegeu...
Naquele
dia recebi o teu olhar...
Um
olhar que me olhava diferente.
Um
olhar que me tocou profundamente
Um
olhar dizendo tudo sem falar...
Desde
aquele dia toda vez que ajoelho
Aos
pés da cruz para rezar diante de um altar
Encontro
no teu rosto meu Jesus
O
mesmo Meigo e piedoso olhar...
Poema
de Heralda Victor.
O palestrante que
abordou o campo
do encontro literário com a
sacro-teologia na literatura, assim como, a literatura na teologia, dizendo que as duas
podem colaborar em pé de
igualdade, embora com
incumbências e objetivos específicos. Ele
afirma “ainda que
a preocupação mor
da teologia seja
com o verum (verdadeiro), mas que ela não pode
abrir mão do pulchrum (belo) sob pena de tornar-se feia.”
Geralmente, os estudos Téo-literários lidam com a crença e
seu reverso: a descrença. A face teológica do Deus ocidental, tem como base a
bíblia, monastério e tradição. Durante o longo período medieval predominou a
religião, sendo que a própria filosofia não era mais que serva daquela, já que
na antiguidade inexistia a preocupação por separar mythos e logos (mito-discurso racional). A
mitologia explicava tudo, apelando para Deus ou para deuses. Porém as narrações
tiveram que assumir formas, por vezes, literárias. Basta ver os textos
bíblicos, do Gênese ao Apocalipse, passando pelos Evangelhos que compendiam os
ditos e feitos de Jesus Cristo. Aí tem-se o segundo enfoque: a face literária de
Deus. A literature se nutre de mitos.Sobre cânones literários é a regra, a lei,
os parâmetros. Os clássicos são mais tolerantes do que os cânones religiosos.
Em suma, entre os escritores, há crentes
e descrentes de todo tipo; o que eles têm em comum, entre si e com os leitores, é a fé poética que os torna “crentes literários”
que libera a criatividade sem os ditames da teologia, do historicismo e de
qualquer divindade que se
anteponha àquilo que
existe de mais
criativo no eu.
Jorge Luis Borges,detonou os limites entre teologia e
literatura ao afirmar:”Todo homem culto é teólogo, e para isso não é necessária
a fé.” Dr. Rafael ainda diferenciou o tido como deísta do teísta. O deísta independe
da religião em si e acredita em uma divindade não interferente. Para ele Deus é
o criador do mundo mas não intervém nos afazeres do mesmo. O teísta, do grego
Théos – é uma crença na existência de deuses, seja um ou mais. O teísmo não é
religião, é apenas o nome para classificar
a opinião segundo a qual existe
ou existem deuses. Percebeu-se
durante a reunião que alguns
participantes afastaram-se do foco
literário e passaram a revelar se eram crentes ou ateus, assunto que não vinha
ao caso. Não se estava discutindo a própria fé, nem a própria religiosidade, mas
o antagonismo entre teologia e literatura. Professor Rafael, ainda falou do
livro editado em
Brasília por ex-padres
católicos, cujo título
é “Jesus –
Parto Milagroso”, questionando a paternidade divina, visto que o Deus de
Abraão não pode ser pai de Jesus.Texto de
Jelena S. Ribeiro.
Um
agradecimento especial ao professor Rafael Alcaraz pela
disponibilidade em nos agraciar com sua presença proporcionando a todos uma
agradável tarde de estudos. Com conhecimento de causa, o professor conduziu um
primeiro momento mantendo a atenção do grupo com ricas
informações. Ilustrando sua explanação pedagogicamente, proporcionou um
momento de reflexão e interiorização. Posteriormente questionamentos foram
levantados e perguntas foram respondidas com ativa participação, nas colocações
pertinentes ao assunto explanado. Oportunidades deste calibre são interessantes
para crescimento intelectual e aproximação dos participantes, que ao posicionarem-se
voluntariamente, revelam-se através das ideias que defendem. Texto de Heralda Victor

15 de abril de 2015: A ASSOCIAÇÃO LITERÁRIA FLORIANOPOLITANA está de aniversário.
14 anos desde a fundação. Parabéns!. Que a amizade, o companheirismo, a inspiração e o crescer literário sejam uma constante em todos nós, Aliflorianos, para que nossa ALIFLOR tenha o cultivo que merece.