terça-feira, 21 de abril de 2020

VISITAS ALIFLORIANAS


 Visita de nossa colega Alifloriana Leda Mônica
 com o Grupo Neti à Penitenciária de Florianópolis, 
experiência que lhe inspirou o lindo poema: SEM ASAS PARA VOAR

De repente, me vi nos corredores enormes, trancafiada nas grades que produziam um barulho ensurdecedor
e faziam com que meu corpo tremesse a cada abrir e fechar das celas.
Angústia e dor se apoderaram do meu ser, do meu coração, da minha alma.
Um sofrimento intenso, indescritível, tomou conta de mim 
e mudou o meu semblante, já não existia paz.
A luz tornou-se escuridão.
O que via era um mundo surreal e inimaginável.
O brilho no olhar e sorriso no rosto eram visto apenas em alguns,
a maioria esta ali há tantos anos que não tinham nenhuma esperança, 
só desalento, cabeça baixa, tinha perdido tudo.
Já não contavam os dias para alçar voos, nada mais importava.
Fazer o quê?
Tinham penas a cumprir e deveriam pagar pelo que fizeram.
Galerias e mais galerias cheias de gente, a maioria jovens, rapazes fortes e bonitos.
Muitos dos reeducandos escreviam lindos poemas,
colocavam no papel todo sofrimento experimentado, vivido, 
que falava de suas dores, saudades dos filhos, o sonho de ser poeta, 
da liberdade perdida e da vontade de estudar,
escrever um livro, fazer poesias e sonhavam...
Sim, alguns ainda sonhavam.
Inacreditável.
Porões cheios
Celas, portas de aço
Pequenos cubículos
Homens cortando cabelos
Homens algemados
Exercitando nos pátios
Rezando para aliviar o sofrimento
Tomando sol
Lavando a cozinha
Varrendo o jardim
Deitados no chão
Andando em círculos
Alguns sem memória, sem razão
Homens com sonhos, livros na mão
Homens sem esperança
Homem velho; homem criança
Oh Deus! Dá-lhes a esperança, o alento e o alívio para suas dores.
Perdoa-lhes pelos erros cometidos 
e tire dos seus corações toda mágoa e rancor. 
Dai-lhes uma nova oportunidade
Faz-lhes seres de luz e ampare-os na escuridão
Abrace-os, estenda-lhes a mão.
Ah meu Deus! Quanta angústia
Quanto sofrimento!
Meu peito dói
Onde encontrar alento?
Sofro!
Não me sai da cabeça aquela imagem do porão
Uma grade enorme por cima
E nem se pode estender a mão...
Como olhar seu semelhante como um ser qualquer?
Mal se pode vê-los
Mal se sabe quem é
Em alguns havia uma luz
Parecia pedir fé.
Sorriam e às vezes cantavam.
Rezando pro Homem de Nazaré
Saí de lá alquebrada sem nada entender.
Por que se privaram da liberdade?
Por que não pensaram antes de agir?
Em cada rosto ansioso por traz daquelas grades
Olhavam pedindo socorro, olhavam sem nada pedir
Só sei que me segurei. Mas as lágrimas teimavam em cair.
E foi com imensa tristeza que me retirei dali
Meu corpo inteiro doía, não suportava a ilusão
De ver todos fora da prisão
Com a liberdade e o perdão
Voa! Voa meu irmão!
É o que desejo lhe falar
Procure sair desse mundo
Voe pra qualquer lugar!
Voa! Voa meu irmão!
Tenha força, fé e coragem
A vida te espera lá fora
Voa! Voa meu irmão
Antes que o desespero lhe devore!
Lêda Mônica



Suraya e Janice visitam a nossa querida ex- alifloriana Lorena  
na  Residencia de sua filha Marisa. 
Lorena reside atualmente em Caxias.  

Leda, Janice,Teresa e Márcia visitam 
Suraya no seu novo endereço.  

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