JILÓ
Aquele
amor foi um livro
não lido
apagado, esgotado,
sem
edição.
Versos,
reversos
Inversos,
sem nexo
ou razão.
Romance de
relance
fora do
alcance
que
ninguém jamais abriu.
Ou epopeia, que
a plateia
nem mesmo
aplaudiu.
Talvez
tragédia, ou vã pilhéria
primeiro
de abril.
Ou
foi uma comédia, tão séria
que toda a
gente
nem
sorriu...
Aquele
amor foi ...
quem sabe?
um
filme não visto
sem luz
nem cenário
com sons
de solidão
em que
moça e mocinho
esquecem
os papéis
e morrem
no apagão.
Aquele
amor foi mesmo...
um sorvete
de jiló
derretido,
lambido a sós
na
cartilha da imaginação!
TERESA
BRASIL
OUTONAL
Café preto, forte
pra acordar...
Da janela o acorde convida
a outonar.
Girassóis amarelos
douram o sol ou
douram ao sol?
Num desmaio de aquarela
outonal !
Cogumelos austeros, pintam o chão
com tons severos...
Folhas tostadas,lembram
Torradas com
manteiga
no pão...
A cigarra imprudente, estrilhaça
desafina , uma oitava acima...
A gaivota vadia, magistral
corta o azul
num vôo de alforria...
Na paleta de cores
outonais
borboletas, violetas fuleiras
dançam carnavais.
E neste ensaio de manhã de maio
ouro e tesouros
no caminho
do meu
domingo outonal!
TERESA
BRASIL
"AMOR... ESSE
BRUXO"
O amor é feito de ondas que nos percorrem o corpo,
mas em vez de mergulharmos nesse mar
são elas a nos mergulhar....
O amor é feito de desejos a nos esquentar,
mas em vez de temermos esse fogo
"ardemos" para nos queimar!
O amor é feito de "pecados" a nos castigar,
mas ao contrário do que acontece aos santos
queremos ainda mais pecar!
O amor é feito de palavras a nos endeusar,
mas como somos deuses de mentira...
caímos do divino altar....,
Suraya Helayel Maia
"NOSSAS
NOITES"
De que valeu a minha poesia
se já escreveram tudo sobre amores,
se exaltaram mãos, olhar e flores
e muitas dores...dores...muitas dores...
Que adiantou então falar de paz,
se a guerra explode, mata, persiste!
Se um dia acaba e ainda o homem insiste
é tudo triste...triste...muito triste...
Que louca fui ao esboçar um deus,
se a outros deuses outros vão rogar,
se há muitos santos para nos guardar
e muitos pecam...muitos vão pecar...
.......................................................................
Que importa os versos se estão errados
que importa as rimas se já foram feitas...
Se outros poetas se inspiraram em dores,
em tristes sinas, em cruéis açoites!
De que valeu a minha poesia?
Eu me inspirei, meu bem, em nossas noites...
em muitas noites...noites...muitas noites...
Um olhar de
encantamento
A tropa
segue cansada
por entre as
casas da vila,
tapada de sol, suor, poeira, vento e comprida.
Tocando, vai
um moço campeiro riscado de japecanga
e marcado
pelas butucas,
sem saber naquele momento
que era
seguido pelas frestas ,
pelas
frestas do bolicho
por um olhar
de encantamento,
destes que
tal qual um feitiço,
tece um amor
tento a tento,
ali entre
latidos, berros, sol, suor, poeira e vento.
Pelo
corredor aramado se foi o moço campeiro
sem saber
que levou consigo como fiel companheiro
aquele olhar
bombeado da filha do bolicheiro.
Foi aquele
olhar, uma semente de amor,
destas que
quando brotam
fazem um
vivente num repente
se deitar no
meio do campo ,
só para
escutar o canto dos grilos
sentir o
cheiro da amada
e o sangue
pulsar nas veias,
e ver seus
pensamentos
que teimam
em não parar de pensar
serem
levados por tropilhas andarengas
de nuvens
que vão pra o mar.
Flavio Orsi de Camargo
Ecos de liberdade
25/06/01 (15:15)
Liberdade! Grita o corpo
na dor que arde... e tarda
na agonia dos grilhões.
Anseio em longínquo horizonte,
fonte de esperança
no tempo que se arrasta,
na lágrima que se desgasta.
Reflete a aurora de um tempo,
no tempo
de nova aurora que surge.
Amplexo do funéreo acalanto
no canto do sentimento
da liberdade que urge.
E planta a semente do fruto
em luto pródigo.
Arde a dor na tarde
do funéreo pranto,
e já nu sem manto
Nem encanto
o alquebrantado corpo
quase morto
canta a saudade
da liberdade santa.
Das entranhas, o grito mudo,
quase surdo, ecoa-se no invisível
e rompe-se indelével no som
da alma que parte.
Inexoravelmente
alforria-se o escravo inocente.
Liberdade!...Liberdade!...Liberdade!
Adir Pacheco
Tudo Que Se Quer
Gravação por Emílio Santiago
e part.
Verônica Sabino)
Olha nos meus olhos
Esquece o que passou
Aqui neste momento
Silêncio e sentimento
Esquece o que passou
Aqui neste momento
Silêncio e sentimento
Sou o teu poeta
Eu sou o teu cantor
Teu rei e teu escravo
Teu rio e tua estrada
Eu sou o teu cantor
Teu rei e teu escravo
Teu rio e tua estrada
Vem comigo, meu
amado amigo
Nessa noite clara de verão!
Seja sempre o meu melhor presente
Seja tudo sempre como é
É tudo que se quer
Nessa noite clara de verão!
Seja sempre o meu melhor presente
Seja tudo sempre como é
É tudo que se quer
Leve como o vento
Quente como o sol
Em paz na claridade
Sem medo e sem saudade
Quente como o sol
Em paz na claridade
Sem medo e sem saudade
Livre como o sonho
Alegre como a luz
Desejo e fantasia
Em plena harmonia
Alegre como a luz
Desejo e fantasia
Em plena harmonia
Eu sou teu homem
Sou teu pai, teu filho
Sou aquele que te tem amor
Sou teu par, o teu melhor amigo
Vou contigo, seja aonde for
E onde estiver estou
Sou teu pai, teu filho
Sou aquele que te tem amor
Sou teu par, o teu melhor amigo
Vou contigo, seja aonde for
E onde estiver estou
Vem comigo meu
amado amigo
Sou teu barco neste mar de amor
Sou a vela que te leva longe
Da tristeza, eu sei, eu vou!
Onde estiver estou
E onde estiver estou
Sou teu barco neste mar de amor
Sou a vela que te leva longe
Da tristeza, eu sei, eu vou!
Onde estiver estou
E onde estiver estou
Canto:apresentação de
Janice Pavan no sarau em 11/06/19.
BOCA E CORAÇÃO
A boca diz
muito. O que sabe e o que não sabe. O que quer e também o que não quer.
Transmite
através da fala o que as demais partes do corpo estão sentindo ou o que estão a
reclamar.
Fala o que
os olhos vêem.
Diz o que ouve o ouvido.
Alerta para
o que passa pelo olfato.
Revela o que
o pensamento está querendo dizer, saber, etc.
A boca
mostra o que o espírito reclama.
Nesta análise
simplória ou poética poderia ver a boca como nosso termômetro sensorial que tem
o poder total sobre o conjunto que compõe o ser humano.
Ledo engano.
A boca não consegue decifrar o que vai pelo
coração.
Ela não tem
a capacidade de sentir.
Sabe falar,
todavia não sabe ler os sentimentos mais puros que fazem morada no âmago de
qualquer pessoa.
O coração,
este sim, tem uma fonte inesgotável de amor, carinho, amizade, bem-querer,
paixão e tantos sentimentos que gratuitamente os distribui.
Então...
Viva o Coração! ...E cala-te boca!
PRIMEIRA FILHA
Como te esperei!
Com ansiedade
E medo do
desconhecido,
Recebi-te
exultante e
Deixei-me impregnar
Das
descobertas da nova vida.
Acariciei-te
em meus abraços e
Cantei um
acalanto;
Superei as más
noites de pouco sono
Com o prazer
de tua vinda;
Aprendi contigo
novos valores
E me fizeste
querer a vida.
Márcia Konder- Em 26/06/1981.
Para Zenilda
Meus
pais sempre me falavam de Hoyedo Lins, o escritor, o amigo. Gostavam muito dele.
E falavam de Zenilda, a esposa, com agrado. Hoyedo era o escritor. Zenilda, a
esposa delicada, discreta, educada.
Um dia
encontrei um livro de Zenilda na biblioteca dos meus pais, um romance “Reino
das estrelas” com dedicatória afetuosa para minha mãe, Rosa. Surpresa por
sabê-la escritora, já tendo publicado contos, pus-me a ler o romance. E gostei
muito. Suave como a autora, a narrativa do romance flui e aborda temas
delicados, mas com determinação, conhecimento e sensibilidade.
Outro dia, recentemente
encontrei Zenilda, na calçada, no centro. Engendrou uma conversa para enaltecer
a minha mãe e observei mais uma vez seus gestos delicados e seu afeto. Eu tinha
um compromisso com hora marcada, mas não demonstrei minha pressa. Aceitei seu
afeto e mostrei-me alegre.
Contudo, fiquei com uma pergunta para Zenilda.
Essa
pergunta: Zenilda!O que andas escrevendo?Quero te dizer o quanto me agradou o
teu romance.
Zenilda! Agradeço-te
por seres a Escritora que és.
Márcia Konder- Em 08/06/2019.
HOMEM
Existe um
homem.
Alguns o
chamam de: amigo, companheiro, tio, padrinho, irmão, filho, pai, compadre,
missionário, mano, amado, amor.
Outros o
identificam como: baderneiro, comunista, vermelho, desordeiro, safado.
Pra mim,
este homem é tudo isso e muito mais.
É sinal de
esperança, motivo de encontro, alegria, grito dos sem voz, companheirismo,
aconchego, beijo na boca, certeza de amores possíveis.
Este homem
fez parte dos meus sonhos, foi meu pesadelo, hoje realidade.
É por ele e
por ele que levanto todas as manhãs.
Este homem
me torna cada dia mais nós.
Ele suscita
em mim vontade de viver, sorrir, cantar, gargalhar, corre na chuva.
Esse homem
me faz mulher, menina, princesa, fada, bruxa e rainha.
Conheces esse homem?
Sabes desse homem?
Ele tem
sorriso de menino, o mais lindo que alguém já presenciou.
Os olhos se
confundem com o infinito.
Sua boca tem
sabor de fruta colhida na estação.
Seu corpo
assemelha-se a uma rocha.
A vontade
que mora nele é algo incalculável.
Seu Abraço!
Ah! Seu abraço!...
Seu amor é
um misto de tempestades, vulcões e garoa de verão; quando fica indignado, sua fúria
não tem limites.
Esse homem tem coração de anjo,sonha,chora, é real, grandioso, imenso,
feito ondas do mar em dia de ressaca; avança demolindo, mas se derrama em
bênçãos na humanidade.
Conheces esse homem?
Tens notícias
dele?
Ele chegou,
ocupou a minha vida. Tomou posse do meu corpo.
Sequestrou
meu coração e não pediu resgate.
Se duvidares
que ele exista, pergunta ao vento, à chuva, ao sol, aos rios,ao mar, aos
pássaros.
A natureza e todos os seus elementos contarão
em prosa e verso um homem divinamente Homem, metade maravilhosa de mim.
Prosa
poética de EVA DE SOUZA SANTOS ANDRADE, premiada com o primeiro lugar, lançada
na Antologia “Poesias, Contos e Crônicas, Concurso para a Terceira Idade em 1997,
promovida pela Fundação Viva Vida e UDESC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário